Distância de Segurança em Linha Viva

A segurança em Trabalhos com Tensão (TcT) é uma prioridade inegociável para todos nós. Afinal, acidentes envolvendo eletricidade não apenas colocam em risco a vida dos nossos colaboradores, mas também podem gerar interrupções no fornecimento de energia. Neste artigo, vamos abordar um dos pilares da segurança em Linha Viva: a distância de segurança.

O Que é Distância de Segurança?

A distância de segurança, também conhecida como distância mínima de aproximação, é a menor distância permitida entre um trabalhador e um potencial elétrico distinto (Fase-Fase e Fase-Terra). Por exemplo, caso o eletricista esteja em potencial de terra, ele deve permanecer a uma distância determinada do potencial de fase para que seu corpo não se torne caminho para a corrente elétrica ou não sofra os efeitos do arco elétrico. Logo, atuar em sistemas energizados desrespeitando esse fator de segurança, pode resultar em graves acidentes.

Essa distância considera o isolamento elétrico do ar, a dissipação do calor, condições atmosféricas, sobretensões de manobra e até mesmo movimentos involuntários que podem ocorrer durante os trabalhos com tensão.

Como calcular a Distância de Segurança?

O cálculo da distância de segurança pode parecer complexo, mas com as informações corretas, é possível realizar essa tarefa com segurança e precisão. Além disso, as empresas do setor costumam ter tabelas ou valores pré-definidos que facilitam o trabalho dos profissionais atuantes na manutenção.

A fórmula* geral para calcular a distância de segurança é representada por:

*Considera-se outras fórmulas a depender das normas e regulamentações regidas no país ou empresa.

Perceba que a MAD (Mínima Distância de Aproximação) é influenciada pela constante MAID, que se refere a um valor pré-definido de isolamento do ar. Sabemos que uma maior tensão é capaz de provocar uma ruptura nesse isolamento com maior facilidade. Logo, é intuitivo pensar que, se consideramos na fórmula esse elemento, a tensão do circuito também influencia na distância de segurança.

Além disso, considera-se um fator de correção de altitude. Isto é, em cidades como Potosí, na Bolívia, onde a altura pode atingir mais de 4000m, a distância de segurança deve ser maior em relação às mesmas condições de trabalho no Rio de Janeiro, por exemplo. Isso se deve aos efeitos do ar rarefeito em terrenos mais altos em relação ao nível do mar. Nessas condições, o ar se torna mais condutivo.

Por fim, a fórmula também considera os movimentos inadvertidos ou involuntários que, eventualmente, podem acontecer com o eletricista durante os trabalhos.

A Influência da Distância de Segurança em Linha Viva

Faz parte do cotidiano dos profissionais de Linha Viva um planejamento assertivo e uma análise detalhada de cada situação de trabalho para uma manutenção segura e eficiente. O projeto e as dimensões das estruturas, por exemplo, podem permitir ou não o acesso do eletricista ao ponto de trabalho. Por esta razão, o cálculo da distância mínima de aproximação influencia muito escolha dos métodos de trabalho, dos procedimentos e das ferramentas.

A título de ilustração, considere como exemplo uma substituição da cadeia de isoladores na estrutura Cara de Gato a seguir:

Distancia de Segurança

Caso a distância “X” entre a estrutura da torre e a fase do meio for igual ou próxima a distância de segurança “Y”, o acesso ao potencial por aquele ponto será muito dificultoso com cadeira ou escada isolante, por exemplo. Perceba que, na primeira ilustração, o eletricista ainda está em potencial de terra. Dessa forma, o profissional já está infringindo a distância mínima de aproximação. Sendo assim, a estratégia de trabalho deverá ser reestabelecida.

No segundo exemplo, considerando que a distância de segurança é menor do que a distância entre a estrutura e a fase, o eletricista já está estabelecido no potencial flutuante. Sendo assim, o profissional pode trabalhar de forma segura seguindo a mesma estratégia.

Você já deve conseguir perceber, com as informações compartilhadas até aqui, que esses fatores são a razão a qual não é recomendado executar atividades ao potencial em tensões até 44kV. Por motivo de serem consideradas tensões mais baixas, tanto a distância de segurança quanto as distâncias entre fases são menores. Ou seja, em situações ordinárias, é dificultoso ou até inviável alguém operar com esse método sem infringir a distância de segurança.

Assista um trecho de uma aula sobre o tema no Curso de Metodologia de Linha Viva ministrado pela CTST:

Normas e Regulamentações: O Que Você Precisa Saber!

Para garantir a segurança nos trabalhos com tensão, é fundamental conhecer e cumprir as normas e regulamentações aplicáveis. No Brasil, a principal referência é a NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade).

A NR-10 estabelece os requisitos mínimos para garantir a segurança dos trabalhadores que interagem com instalações elétricas e serviços em eletricidade. Ela aborda diversos aspectos, incluindo a distância de segurança, os EPI e EPC, o treinamento dos trabalhadores e a análise de riscos.

Além da NR-10, algumas outras normas relevantes incluem:

  • IEEE 516: Guia para Segurança em Trabalhos com Sistemas de Aterramento
  • NFPA 70E: Padrão para Segurança Elétrica no Local de Trabalho
  • IEC 61472: Linha Viva – Mínima distância de aproximação para sistemas CA energizados de 72,5 kV a 800 kV


É importante ressaltar que os valores e requisitos apresentados na NR-10 são os mínimos obrigatórios. As NBR e as normas internacionais, servirão de critério para a elaboração de procedimentos internos da empresa, visando a um nível de segurança ainda maior e adaptado às particularidades de cada operação.

Conclusão

Em suma, a distância de segurança é um dos pilares da segurança em Linha Viva. Ao conhecer as normas, utilizar os equipamentos adequados e adotar boas práticas, certamente protegemos a vida dos nossos colaboradores e garantimos a continuidade das operações.

Se sua empresa busca capacitar equipes para atuar com segurança em Redes e Linhas energizadas, a CTST oferece treinamentos especializados no setor. Entre em contato e descubra como nossa experiência pode agregar valor às suas operações e proteger a vida dos eletricistas, a continuidade do sistema e a segurança da sua empresa.

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